JORNAL CORREIO BRAZILIENSE – CADERNO C
CRÍTICA
BRASÍLIA
NA CARNE
LEONARDO CAVALCANTI
DA EQUIPE DO CORREIO
O escritor moçambicano Mia Couto disse certa vez que viaja para conhecer pessoas. E não
apenas os lugares. Digo eu: ver uma pintura e pensar no pintor de frente para a tela, uma casa e imaginar o arquiteto, ouvir uma música e imaginar o autor. Se não conhecesse Brasília, começaria a minha peregrinação na cidade pela poesia de Paulo Kauim. O texto do cabra de feições fortes e gestos e voz suaves pode até mostrar Recife, São Paulo, Lisboa ou Nova York, mas não engana ninguém: é Brasília e a periferia urbana e mais humana da capital brasileira. Seca e chuva no cerrado.
O próprio Kauim entrega o jogo fácil: “ que minha poesia tenha a economia das linhas do
buriti ". E escreve como se dirigisse um filme. A imagem das letras no papel é cinematográfica. E por isso o apuro na diagramação, na composição, tipografia e no aproveitamento dos espaços e dos brancos. Livro é para ser visto, tocado. Não bastam palavras, meu caro. O autor fez vários curtas e os apresentou de uma única vez, em Demorô. Mais um deles de presente para você: “ 3 anos sem ir ao cinema, meu pior longa ”.
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