CORREIO BRAZILIENSE – CADERNO C
CRÔNICA
MATILHA DE
MALDITOS
JOSÉ CARLOS VIEIRA
DA EQUIPE DO CORREIO
Já bebeu vodca e mordeu maçã verde? Escreveu poesia com Letra 7? Serigrafou o coração? Paulo Severino sempre foi Kauim. Uma mistura indígena-pernambucana-africana-brasiliense-nipônica na mesma bacia. É tijolo por tijolo, como os irmãos Campos. Rock por rock, como Jimi Hendrix. Hip hop, riponga também.
Nos anos 1980, o Bar do Kareka, era um bunker de poetas, malucos, nefelibatas, astronautas sem nave. E saíamos pela cidade escrevendo poesia pelos muros, poesia sim: haicais bêbados para a namorada com gosto de vinho. Muitos deles estão lá, no antológico livro Demorô.
Éramos uma gangue tonta, matilha de malditos líricos pelas noites da cidade que presenciava os últimos e torpes suspiros da ditadura caduca. Não tínhamos medo da "justa", éramos subversivos à nossa maneira. Anarquistas que publicavam a revista ...ismo – cinema, literatura, artigos, gritos e devaneios. Foi daí que o “Kauim quase tudo” começou a engendrar a carreira poética.
O cara neoclassificou o poema do dia-a-dia, anarquizou corações, mentes e tatuagens. Desfaou, falou, for all. Andy Warhol do cerrado ressequido mexido de poesia. Essa coisa que pulsa, lateja em noite de lua cheia. É assim, Paulo. É assim Kauim. "Polikauim". I know, it's only rock and roll. But I liked.
.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. matilha de malditos por j...